Publicado em Deixe um comentário

Cláudio Mubarac

Biografia

Cláudio Mubarac (Rio Claro SP 1959)

Gravador, professor.

Luiz Cláudio Mubarac formou-se em artes plásticas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP, em 1982. Estuda gravura com Evandro Carlos Jardim (1935) e com Regina Silveira (1939). É professor de gravura na Fundação Armando Álvares Penteado – Faap, de 1985 a 2000, e coordenador do Atelier Livre de Gravura do Museu Lasar Segall, de 1989 a 2000. Freqüenta, como bolsista, o Atelier Tamarind Institute, nos Estados Unidos, em 1993; o London Print Workshop, na Inglaterra, em 1994, e o Civitella Ranieri Center, na Itália, em 1996. Professor conferencista da ECA/USP, de 1994 a 1995, conclui doutorado nessa instituição em 1998. Nesse ano é lançado pela Edusp o livro Cláudio Mubarac, com textos de Sônia Salzstein e Tadeu Chiarelli e apresentação de Evandro Carlos Jardim. Recebe, em 1999, o prêmio Faap – Cité des Arts, e permanece em Paris, por um ano, e o prêmio para a melhor delegação internacional, na 23ª Bienal Internacional de Artes Gráficas de Liubliana. Mubarac atua com diversas técnicas como gravura em metal, xilogravura, litografia, monotipia, fotografia e manipulação em computador. Em sua produção são recorrentes as imagens do corpo humano e as referências à história da gravura. É professor de desenho e gravura da ECA/USP desde 2004.

Gravura em metal, disponível no site (clique)

Comentário Crítico

Os trabalhos iniciais de Cláudio Mubarac partem de elementos cotidianos e mantêm diálogo com a produção de artistas como Rembrandt van Rijn (1606 – 1669) e Giorgio Morandi (1890 – 1964), em gravuras que apresentam grande rigor técnico. Como nota o historiador da arte Tadeu Chiarelli, a partir de 1989, devido a um acidente automobilístico sofrido por Mubarac, sua obra passa a revelar uma reflexão acerca da fragilidade da existência humana. Ele realiza então uma série de estampas nas quais o tema é o corpo humano, que aparece fragmentado em imagens que lembram chapas de raios X e em desenhos realizados em ponta-seca, que traduzem o corpo em sua estrutura óssea. Com base nessa série, passa a trabalhar com a representação da anatomia de forma difusa, quase abstrata, com impressões em papel artesanal, expostas diretamente na parede. Como nota a crítica Sônia Salzstein, o conjunto de gravuras do artista se destaca por seu empenho persistente em extrair da linha um misto de despojamento e determinação.

Até então o artista emprega a gravura no sentido convencional. Posteriormente, passa a transformar as estampas em objetos tridimensionais, ao gravar as imagens em folhas de ouro sobre chumbo, que são estampas, mas, em sua densidade matérica, são a representação da matriz gráfica. Em outra série, substitui as estampas em folhas de ouro sobre chumbo por folhas de prata, que refletem também a realidade ao redor.

Como nota a crítica Maria Alice Milliet, o corpo assoma em sua produção cercado de certa emoção. Em desenhos expostos em 2000, os fragmentos da anatomia são precisos, porém tocantes porque são frágeis, hesitantes na ocupação do espaço. O traço busca a estrutura e rompe com delicadeza a matéria.

Sua produção atual apresenta a singularidade de aliar questões relacionadas com a representação do corpo – um dos temas centrais da arte contemporânea – à indagação sobre a própria estrutura da gravura e sua tradição. Mubarac possui também relevante atuação como professor de desenho e gravura no ensino superior.

Litogravura, acervo Galeria de Gravura (à venda por R$ 1200 em Out/24)

Críticas

“Ao perceber e intuir a gravura em sua essencialidade e aproximá-la pela prática a um projeto pessoal de trabalho mais amplo, Cláudio Mubarac justifica sua escolha ao elegê-la como seu meio de expressão por excelência. Desde os primeiros ensaios, em que o ‘assunto’ e a fantasia pareciam competir com as qualidades técnicas e estéticas na concepção de suas estampas, uma consciência dos recursos de linguagem e dos valores inerentes à gravura de todos os tempos já se impunham de forma surpreendente em sua obra nascente e depois extensa, que naquele momento apenas se iniciava. Desde o Pentágono do Cactus, de abril de 1978, uma água-forte de pequeno formato que ainda dividia, mas já revelava essa clareza e consciência gráfica, até a figura do crânio e do corpo humano representado e significado em sua estrutura óssea – e mais recentemente as figuras de planos incisos e iluminados por uma espécie de luz metálica e imanente, um interessante percurso foi delineado, revelador de extraordinária acuidade gráfica. Ao questionar a gravura hoje, na dicotomia matriz-estampa, Cláudio Mubarac cria novos procedimentos, inventa suportes. Revisita a gravura e sua história, sua razão de ser e sua permanência no tempo como fenômeno estético, pelo desdobramento de tantas práticas e procedimentos, cuja origem ainda reside em seu próprio cerne ao se manifestar a cada vez pelo gesto do corte e revelação da linha. Ciente de seu tempo, seu trabalho torna legítima a presença e a importância da gravura e da estampa na arte contemporânea”.
Evandro Carlos Jardim – maio de 1996
GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende; design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim; fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000, p. 162.

Buril, água-forte e verniz mole sobre papel

Depoimentos

“Venho colecionando essas imagens há alguns anos. Dar forma às minhas observações, enunciar esses objetos, fundi-los às minhas vontades. Algumas gravuras são fruto de desenhos ou de grupo de desenhos, outras são construídas diretamente sobre a matriz. Às vezes, sinto-me preenchendo um álbum de figurinhas, como os muitos que preenchi na minha infância, tão próxima e já tão irreal. Mostro aqui algumas páginas deste álbum, que nunca ficará completo. Os assuntos são simples: retratos, figuras, flores, pequenas paisagens, objetos, animais. Mas é o seu relacionamento o que me interessa e principalmente a intimidade que eu possa ter com eles, para assim torná-los também íntimos a quem os vê”.
Luiz Cláudio Mubarac – 1984
GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende; design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim; fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000, p. 162

Buril, água-forte e verniz mole sobre papel

Exposições Individuais

1990 – São Paulo SP – Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1992 – São Paulo SP – Individual, Programa de Exposições do CCSP, no Pavilhão da Bienal
1993 – São Paulo SP – Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1995 – São Paulo SP – Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1997 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Adriana Penteado Arte Contemporânea
1997 – São Paulo SP – Individual, no CCSP
1998 – Uberlândia MG – Individual, na Casa de Idéias
1998 – São Paulo SP – Individual, no CCSP
1999 – Bruxelas (Bélgica) – Individual, na La Maison du Brésil
1999 – Berlim (Alemanha) – Individual, no Instituto Cultural Brasileiro na Alemanha
1999 – São Paulo SP – Individual, na Valu Oria Galeria de Arte
1999 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Fundação Casa de Rui Barbosa
1999 – Rio de Janeiro RJ – Individual, no Espaço Sérgio Porto

Buril, água-forte e verniz mole sobre papel

Exposições Coletivas

1980 – São Paulo SP – 2º Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 – Piracicaba SP – 14º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, na Casa das Artes Plásticas Miguel Dutra
1981 – São Paulo SP – Coletiva de Gravura em Metal, na Galeria Sesc Paulista
1981 – São Paulo SP – Gravura Jovem, no MAC/USP
1982 – Curitiba PR – 5ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, na Casa da Gravura Solar do Barão – premiado
1982 – São Paulo SP – 1º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1983 – Biella (Itália) – Premio Internazionale Biella per I’Incisione
1983 – China – International Print Exhibition: ROC
1984 – São Paulo SP – Da Paisagem da Figura: Paulo Pasta e Cláudio Mubarac, no Espaço Cultural DHL
1984 – São Paulo SP – Gravura: Buti, Hashimoto e Mubarac, no MAC/USP
1985 – São Paulo SP – 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal  
1985 – São Paulo SP – Arte Jovem Paulista, Revista Arte em São Paulo, na Galeria de Arte São Paulo
1985 – São Paulo SP – Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Pinacoteca do Estado
1986 – San Juan (Porto Rico) – Bienal de San Juan del Grabado latino-americano y del Caribe
1987 – Liubliana (Iugoslávia, atual Eslovênia) – Bienal Internacional de Gravura
1987 – São Paulo SP – 5º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Pinacoteca do Estado
1987 – São Paulo SP – Cinco Jovens Paulistas, no Espaço Cultural 2001
1987 – São Paulo SP – Cláudio Mubarac e Ivanir Cozeniosque, na Galeria Sesc Paulista
1988 – Catânia (Itália) – Mostra Internazionale di Grafica
1988 – São Paulo SP – 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea
1990 – Amadora (Portugal) – Bienal de Gravura de Amadora
1990 – Curitiba SP – 9ª Mostra de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1990 – Grécia – 2ª Mediterranean Bienale of Grafic Art
1990 – São Paulo SP – 21º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1990 – São Paulo SP – Coletiva de Gravuras, no CCSP
1992 – Curitiba PR – 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 – Curitiba PR – 1ª Mostra América de Gravura, no Museu da Gravura – prêmio aquisição
1992 – Curitiba PR – Destaques da Mostra de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1992 – Rio de Janeiro RJ – 13 Artistas Paulistas, no MAM/RJ
1992 – São Paulo SP – Anos 90: exposição de acervo, no MAC/USP
1992 – São Paulo SP – Destaques da Mostra de Gravura Cidade de Curitiba, no MAC/USP
1992 – São Paulo SP – Gravadores, no Espaço Namour
1992 – São Paulo SP – Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas, no CCSP
1993 – Liubliana (Eslovênia) – Bienal Internacional de Gravura
1993 – San Juan (Porto Rico) – Bienal de San Juan del Grabado latino-americano y del Caribe
1994 – Albuquerque (Estados Unidos) – Do Brasil, Alex Cerveny & Cláudio Mubarac, no Museum of Fine Arts, The University of New Mexico
1994 – Brasília DF – Primeira Revisão da Gravura: gravura paulista, na Galeria Rubem Valentim
1994 – Curitiba PR – 11 Artistas Gravadores Brasileiros e Britânicos, no Museu da Gravura
1994 – Londres (Inglaterra) – 5 Contemporary Brazilian Printmakers, na Hardware Gallery
1994 – Londres (Inglaterra) – 5 Contemporary Brazilian Printmakers, no London Print Workshop
1994 – Porto Alegre RS – 11 Artistas Gravadores Brasileiros e Britânicos, no Margs
1994 – São Paulo SP – 11 Artistas Gravadores Brasileiros e Britânicos, no MAB/Faap
1994 – São Paulo SP – Anos 90, no CCSP
1994 – São Paulo SP – Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1994 – Rio de Janeiro RJ – Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, no MAM/RJ
1995 – Belo Horizonte MG – Imagem Derivada: um olhar acerca do desdobramento da gravura hoje, no MAP 
1995 – Curitiba PR – 2ª Mostra América de Gravura, no Museu da Gravura
1995 – Porto Alegre RS – Projeto Tamarind, no Atelier Livre de Porto Alegre
1995 – Recife PE – Projeto Tamarind, no Espaço Cultural Banbepe
1995 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Tamarind, na Galeria da EAV/Parque Lage
1995 – São Paulo SP – Goeldi: nosso tempo, no MAB/Faap
1995 – São Paulo SP – Gravura Paulista  
1995 – São Paulo SP – Projeto Tamarind, no MAC/USP
1996 – São Paulo SP – Arte Brasileira Contemporânea: doações recentes, no MAM/SP
1996 – São Paulo SP – Pluralidade, no MAM/SP
1997 – Curitiba PR – A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
1997 – Portland (Estados Unidos) – International Print Exhibition, no Museu de Arte de Portland
1997 – São Paulo SP – 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/SP
1997 – São Paulo SP – Pequenos Formatos, na Valu Oria Galeria de Arte
1998 – Campinas SP – A Gravura como Escultura, no Itaú Cultural  
1998 – Caracas (Venezuela) – Gráfica: dos tiempos un espacio, na Galería Espiral de la Escuela de Artes Visuales
1998 – Jacareí SP – Múltiplas Abordagens em Torno da Gravura, na Casa da Gravura
1998 – Jacareí SP – Múltiplas Abordagens em Torno da Gravura, na EMEF Lamartine Delamare
1998 – Jacareí SP – Múltiplas Abordagens em Torno da Gravura, na EMEF Silvio Silveira Mello Filho
1998 – Jacareí SP – Múltiplas Abordagens em Torno da Gravura, na EMEF Barão de Jacareí
1998 – Niterói RJ – 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAC/Niterói
1998 – Penápolis SP – A Gravura como Escultura, na Galeria Itaú Cultural
1998 – Recife PE – 25º Panorama de Arte Brasileira, no Mamam
1998 – Rio de Janeiro RJ – Pensar Gráfico: a gravura da linguagem, no Paço Imperial
1998 – Salvador BA – 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/BA 
1998 – São Paulo SP – A Gravura como Escultura, no MAM/SP
1999 – Liubliana (Eslovênia) – 23ª Bienal Internacional de Gravura, na Moderna Galerija Ljubljana
1999 – Rio de Janeiro RJ – Litografias – Tamarind Institute, na Galeria de Arte do Ibeu
1999 – São Paulo SP – Dezenove Cabeças, na Adriana Penteado Arte Contemporânea 
1999 – São Paulo SP – Uma Roça, um Oásis, o Ateliê de Gravura do Museu Lasar Segall, no Museu Lasar Segall
1999 – São Paulo SP  – Litografias – Tamarind Institute, no CCSP
2000 – Curitiba PR – 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 – São Paulo SP – Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural  
2001 – Brasília DF – Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural 
2001 – Penápolis SP – Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 – Santo André SP – 1ª Bienal de Gravura de Santo André  
2001 – São Paulo SP – Carlos Zilio e Cláudio Mubarac, no CEUMA
2001 – São Paulo SP – Pequenos Formatos, na Valu Oria Galeria de Arte  
2001 – São Paulo SP – Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural  
2001 – São Paulo SP – Trilingüe ABC: gravura atual, na Galeria de Arte Gravura Brasileira
2002 – São Paulo SP – O Orgânico em Colapso, na Valu Oria Galeria de Arte 
2003 – Frankfurt (Alemanha) – Art Frankfurt 2003
2003 – Havana (Cuba) – Traços e Formas na Gravura Contemporânea Brasileira, na Galería de la Casa Guayasamin
2003 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2003 – São Paulo SP – A Gravura Vai Bem, Obrigado: a gravura histórica e contemporânea brasileira, no Espaço Virgílio 
2003 – São Paulo SP – Arte Hoje, na Valu Oria Galeria de Arte 
2003 – São Paulo SP – MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP  
2003 – São Paulo SP – Meus Amigos, no MAM/SP 
2004 – Madri (Espanha) – Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I  
2004 – São Paulo SP – A Gravura Paulista, na Gravura Brasileira
2004 – São Paulo SP – Arte Contemporânea no Acervo Municipal, no CCSP 
2004 – São Paulo SP – Arte Contemporânea no Ateliê de Iberê Camargo, no CEUMA
2004 – São Paulo SP – Novas Aquisições: 1995 – 2003, MAB/Faap 
2004 – São Paulo SP – Núcleos Contemporâneos, na Valu Oria Galeria de Arte  
2004 – São Paulo SP – Sobregravura, na Galeria de Arte Gravura Brasileira

Fonte: Itaú Cultural

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *