
Escultor
O equilíbrio e a deliciosa leveza que consegue dar aos pesados blocos de mármore branco ou rosa, granito azul e quartizito vermelho também deixam claro: Franklin tem a experiência e a habilidade de trabalhar a pedra como poucos. E, ao contrário de muitos escultores, cria e executa suas próprias peças.
Escultor amplamente reconhecido no Brasil e no Exterior, iniciou sua carreira com o avô, com quem aprendeu modelagem para fundição e serviço de forjaria.
No período de 1948/1956, estudou entalhe no SENAI, modelagem e escultura no Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo. Cursou também Artes em Geral com os professores Galilei Emendabili e Vicente Larocca, além de muitos outros. Fez ainda os cursos de especialização em Artes Plásticas e História da Arte.
Em 1957, transferiu-se para o Rio Grande do Sul, onde iniciou suas pesquisas em Arte Indígena, Africana, Latina, … Nessa fase dedicou-se também à cerâmica artística e à pintura. Iniciou ainda o curso de Filosofia, na Universidade Católica de Pelotas.
No período de 1959 a 1968 passa a dedicar-se à cerâmica artística, trabalhando com crianças, ao mesmo tempo em que estuda Filosofia na Universidade Católica de Pelotas e ensina artes plásticas e história da arte no Colégio Santa Margarida, Pelotas- RS, onde desenvolve também a escultura e a modelagem.
Nos anos de 1969 e 1970 faz pinturas e esculturas participando de exposições no interior de São Paulo, a convite do SESC e da Secretaria de Turismo de São Paulo.
No período entre 1966/1974 tomou parte em inúmeras exposições como artista convidado, nas mais renomadas galerias de arte do Rio Grande do Sul e também em São Paulo. Realizando inclusive uma exposição individual, denominada “Psique-Pintura”, na Galeria de Arte Pancetti, em Porto Alegre/RS.
A partir de 1975 dedicou-se exclusivamente a escultura, tornando-se um dos artistas exclusivos do Escritório de Arte – Renato Magalhães Gouvêa e participando de uma série de outras exposições coletivas e projetos diversos, em São Paulo e em diversas cidades do país.
1993-2004 – Trabalha com exclusividade para colecionador Dom Cláudio Alonso, colecionador e Marchand, nos Estados Unidos, o qual o apoiou na inclusão de suas obras em coleções particulares em vários países do mundo, como por exemplo: França, Espanha, Itália, Holanda, Porto Rico, Arábia Saudita e EUA.
Trabalha atualmente em São Paulo com as Galerias de Arte André, Arte Aplicada, Arte Infinita e Contorno artes, RJ. Com obras em coleções particulares na França, Espanha, Itália, Holanda, Arábia Saudita e EUA.

Exposições e trabalhos:
1978 – Participa em Penápolis do 3º Salão de Artes Plásticas do Noroeste – 1º Encontro do Escultor.
1979 – Exposição coletiva “Arte no Brasil – Uma História de V Séculos”, Museu de Arte Moderna, de São Paulo/SP;
1979 – Exposição coletiva “Eros/Mostra de Arte” na Galeria de Arte Aplicada – SP.
1979 – Exposição coletiva “Múltiplos e Objetos”, na Galeria Múltipla de Arte, SP.
1979 – Exposição coletiva “escultura Brasileira”, nas Artes-paço, representante exclusiva em Recife, de Renato Magalhães Gouvêa – Escritório de Arte.
1979 – Exposição coletiva no banco Francês e Italiano, SP.
1980 – Estiliza o símbolo e passa a executar projetos de Arte para a Duratex, São Paulo/SP.
1980 – Participa do IV Salão de Antiguidades.
1980 – Exposição coletiva de Escultores no Centro de Convivência Cultural, no Paço das Artes, na Prefeitura Municipal de Campinas, SP.
1982 – Participa da Exposição “Um século no Brasil”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1984 – Exposição coletiva – Galeria Ulieno, em Ribeirão Preto, SP.
1985 – Entrega do Monumento ´´Graal“ a Escola Internacional Rosacruz Áurea-MG
1986 – Exposição coletiva – “Mármores” Arte Aplicada, São Paulo.
1987 – Participa da exposição coletiva “10 Paulistas em Brasília”, promovido pela Pronav/LBA, Brasília – DF.
1989 – A convite da Salles Inter Americana de Publicidade executa 70 esculturas exclusivas no bronze.
1992 – Coletiva ´´Da origem da Vida“ – Galeria André, SP
1995 – Executa várias esculturas no mármore, para a Ala nova do Hospital Israelita “Albert Einstein”,SP
1999 – Participa do Clube da Escultura Especial “Coleção Millenium”, com 25 esculturas no mármore, a convite da Galeria Skultura, SP
2002 – Entrega do Monumento “Ligação do Hemisfério Norte e Sul” a Escola Internacional Rosacruz – Áurea – SP.
2005 – Participa de exposição coletiva ´Caminhos Vários“ na Galeria de Arte André,SP.
Outros:
Exposição coletiva “Escultura Brasileira”, na Artes-Paço, em Recife/PE;
Participa da exposição “Alumínio na Arte”, com mais 5 escultores a convite da ALCOA Alumínio S.A., em São Paulo/SP;
A convite da Pinacoteca de São Caetano, SP, participa da exposição’ Mutações’, com uma sala especial.
Participa do livro Bandeiras de Brecheret (Historia de um Monumento), de Marta Rossetti Batista, publicado em 1985;
Entrega da obra “Ovóide” para a Rodoviaria da Prefeitura Municipal de Embu das Artes.

Literatura
A convite da Galeria Andre participa do livro Escutores Brasileiros.

Entrevista com Franklin
O que é arte para você?
“Vejo a arte através de dois conceitos essenciais:
Primeiro, existe uma arte real, esta arte é a do supremo arquiteto, Deus. Que tudo criou e está em tudo.
E segundo, existe a arte dos humanos, que se divide em três aspectos fundamentais, ciência, arte e religião, não podemos viver sem essa tríplice realidade.
É o fazer humano, abaixo de tudo aquilo que Deus criou através da inteligência e do intelecto o homem consegue captar as coisas sensíveis e sublimes através de formas e cores;
Se a arte do homem tem algum sentido, o único é sensibilizar outros. “De onde você é?
“Sou natural de uma pequena cidade chamada Urandi, BA, onde vivi os primeiros anos de vida. Aos seis anos, minha mãe toma a decisão de vir para São Paulo e, nunca mais voltei para minha cidade natal.”
Quando foi o primeiro contato com a arte?
“Ainda guardo na memória os belos momentos em Urandi, quando ficava deslumbrado, observando meu avô Vicente modelando, fundindo, desenhando, fazendo ferramentaria e etc… Era maravilhoso ver meu avô dar forma em tudo que tocava com as mãos, jamais esqueci aqueles momentos.
Meu primeiro entalhe foi um baixo relevo, em uma tábua de caixote. O tema era três pombas a primeira, pintada de branco, a segunda de vermelho e a terceira de cor preta. A professora da escola mista de Araçatuba, SP, elogiou e me deu nota máxima, e fez com que eu assinasse a minha primeira obra.
Era tudo que precisava para me entregar definitivamente a aquilo que escolhi para me dedicar por toda vida.”Você estudou arte?
“Durante o período em que estudei em Colégio interno, aprendi entalhe com o professor Lima, ex-aluno de Cipicchia, responsável por trazer o entalhe para São Paulo.
De 1949 a 1952, muito daquilo que vi meu avô fazer, passou a fazer parte dos meus estudos. Na escola Ramos de Azevedo do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo estudei desenho, modelagem, escultura, etc… Com os professores Galileu Emendabili e Vicente Larocca e outros. Posteriormente, quase no término da construção da catedral da Sé, SP, aprendi técnicas em pedra.”Qual é o seu estilo?
“Sou Artista contemporâneo, não sou propenso a modas, nem tão pouco oportunista. Aprofundei-me muito em pesquisas, com ferramental específico para técnicas em pedra, utilizadas nas minhas esculturas, estilo moderno. Uso mármores e granitos nacionais, por excelência a gama de cores dos nossos granitos são fantásticos e o nosso branco cristalino, quando puro é maravilhoso e meu preferido.
Há 57 anos executo meu trabalho com seriedade, desde anatomia humana a animalística, etc…”Quais foram suas influências?
“Na época do Liceu o Emendabili me aconselhou: – ‘Franklin, sempre que fizer uma obra, faça-a da sua época.’
Bem, aquilo foi uma grande dor de cabeça, pois vinha de uma escola acadêmica.
A partir dali iniciei um longo período de pesquisa. Pesquisei da Mesopotâmia até a Arte Egípcia com seu frontalismo, a Antiguidade. As estátuas Votivas Korai e o grande escultor Fideas e todo o panteão de artistas gregos, chamaram muito a minha atenção. As Artes Colombiana, Africana, Asteca, Indígena Brasileira. E me detive muito na arte dos Carajás e no Folclore Brasileiro. Como gostei de conhecer o mestre Vitalino, não deixando de mencionar no Barroco Brasileiro, o mestre Aleijadinho e outros.
No Renascimento: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Cellini, Giovanni Bologna, Bernini, Falconet, Canova, Schadow e outros.
No séc XIX e XX: Rodin, Brancusi, Jean Arp, Bárbara Hepwordth, Matisse, Maillol, Wotruba, Henry Moore, etc.
A arte desses mestres é algo apaixonante e não tenho dúvidas em dizer de alguma maneira, todos eles me influenciaram. Essa pesquisa foi necessária, para que pudesse me situar e achar o meu caminho como artista, pois não sei fazer outra coisa.”Como você desenvolve a sua obra?
“Minha obra surge das observações e pesquisas da natureza, formação das rochas, animais, pessoas, etc… Tenho como hobby, fotografar tudo que me chama a minha atenção. O tempo de criação e execução de uma obra é como uma gestação bem cuidada com muito carinho e dedicação”.

Crítica – Mario Chamie
“A escultura de Franklin é despojada e elegante, uma síntese perfeita entre a imagem do objeto e sua coerente unidade. Sua opção artística transcende seu trabalho para refletir sua própria vida – homem e artista em total sintonia.
A escultura em geral e a escultura brasileira em particular sofreram, nas duas últimas décadas, uma espécie de retratação de prestígio. Essa retratação não ocorreu em conseqüência de sua eventual perda de significado e atualidade artística. Talvez tenha ocorrido em função das próprias transformações internas que atingiram a escultura, depois das revoluções da primeira metade deste século. Essas transformações não foram apenas as do material de trabalho escultórico, mas, sobretudo das concepções de massa e volume, forma e movimento, espaço e uso aplicadas sobre ele.
Nesse sentido, ficamos perplexos diante do abismo que separa “peso” de Henry Moore a leveza de Calder; ou a da leveza de Calder a monumentalidade provisória de Christo, que “empacota” edifícios, pontes e montanhas.
Em termos mais nossos, ficamos também perplexos em verificar que, depois do surto modernismo com Brecheret, Bruno Giorgi e outros, nos diversificamos entre abstrações racionalistas e retornos a mitos folclóricos e estilizados, indo da limpeza metálica de Franz Weissmann à beleza densa e primitiva de Stockinger.
A aparente retratação no mercado de arte da escultura talvez tenha, portanto, decorrido do excesso de mudanças e caminhos.
Hoje, diante da diversidade mais ou menos adversa, o que parece contar mais é à contribuição pessoal do artista que não se perde no emaranhado da busca, e que ao mesmo tempo sabe se encontrar simplicidade clarividente de suas soluções.
Um artista a quem desde já somos devedores, pela humildade quase anônima de seu trabalho e pela eloqüência original de seus resultados, é o escultor Álvaro Franklin da Silveira.
No panorama da mais nova escultura brasileira, a sua contribuição – que não pode e nem deve ser continuar da obscuridade – se impõe sem alarde e com a segurança de quem conhece a linguagem que constrói.
A linguagem de Franklin não é dissociada do mundo sensível e das suas correspondências plásticas e simbólicas. A fidelidade de Franklin a esse mundo o leva a contemplação e ao domínio objetivo de suas linhas, superfícies e inter-relações internas. A prova maior disso está em que, antes de fazer uma peça, Franklin fotografa e documenta o seu paralelo e “similar” do mundo exterior e natural.
Depois, estuda o documento e a foto, analisando as suas possíveis analogias de movimento e espaço. Essas analogias é que vão lhe inspirar a criação de um protótipo sobre o qual irá elaborar e produzir sua escultura.
A obra deste artista surpreendente é assim, composta de objetos e de relações entre objetos, como se fossem seres vivos de uma segunda natureza. Uma natureza, diga-se aqui, rica, viva e cheias de descobertas.
A escultura brasileira tem, pois, em Franklin um artista que, através do granito, do mármore, do ônix ou da madeira, testifica a sua força e a esperada restauração do seu abalado prestígio.”